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INOVAÇÃO! Qual é a capacidade de se inovar em nossa economia hoje?

Por Jefferson Wanderley dos Santos

Data de Publicação: 06 de Setembro de 2015

Precisamos aprender a enxergar a crise de frente, de forma madura, sem esperanças vãs ou excesso de visões otimistas. Temos que praticar o encarar a realidade pois excesso de otimismo, em meu entender, desqualifica a dimensão dos problemas e impede uma visão mais aprofundada e madura que permita reflexão e busca de soluções.

Pensando-se de outra forma, não creio que seja uma mera questão de momento político onde lideranças ao se sentarem para conversar e se entender, ao sair de uma sala de reuniões, recursos e investimentos irão cair dos céus para se debelar a crise, sendo esta construída por todos os brasileiros, por ação ou omissão.

Nossa opção de inclusão, via aumento do acesso ao consumo e sem investimentos em infraestrutura, está cobrando sua fatura. Já que foi camuflada por artifícios e pedaladas fiscais, quando não pode mais ser contida devido ao volume abaixo do tapete já estar competindo com a altura da mesa de centro (sendo otimista, pois para mim a altura já era a da mesa de jantar), finalmente a mídia resolveu voltar a atenção de forma mais incisiva para os problemas econômicos que, em meu entender, não começaram agora tampouco resumem-se, somente, à administração federal central.

Os motes de desenvolvimento, as ferramentas estruturais que permitem geração de emprego e de arrecadação, com um consistente e estável aumento de recursos financeiros, estão comprometidos e já vem sendo comprometidos nos últimos vinte anos: Estradas, redes de geração e de distribuição de energia elétrica e de telecomunicações. Afinal, para se ser enxuto na disponibilidade de bens de insumo de produção, seu uso em tempo real e algo próximo ao JIT (Just in Time), sinais de celular e qualidade de telefonia são fundamentais, seja para pedidos e acompanhamentos na circulação dos produtos base para a composição de outros itens de produção. Para esta circulação em tempo oportuno, estradas precisam ser transitáveis e com segurança o que, em sua expressiva maioiria, nao são.

Aliados e esses três fatores básicos acima escritos, ainda temos uma cruel seletividade de crédito mais barato, por parte do BNDES, que obrigam os empresários "não eleitos" a buscarem tais recursos, mais caros, na rede bancária privada.

Como a festa do acesso ao crédito está por se encerrar de vez, o cidadão também, perdeu a capacidade de gerar despesas e "pendurar", nos créditos facilitados, os pagamentos. Os índices que acusam a quantidade de cheques devolvidos denunciam o que era óbvio.

Como o aumento de juros em cheques especiais e cartões de crédito também se soltaram das amarras do BC, avançar no "cheque especial" é proibitivo. Resultado: menos dinheiro na praça e no bolso.

Como a "praça" também significa empresas que fornecem componentes, no papel de cadeia de produção, e estas estão com os orçamentos apertados - bem como dificuldades em se conseguir crédito nos bancos -, tal realidade gera impactos que encarecem a composição do preço final que, mais adiante, se encontra com a de falta de dinheiro na mão do comprador.

Chegamos, brevemente, a uma pergunta simples: O que vai se inovar para quem comprar?

Em outras palavras, como o "lugar comum" nos meios de comunicação é que a inovação é a saída para a crise, vale a pergunta: Inovar para quem comprar?

Tenho dito a alunos e funcionários de algumas empresas que comentam comigo tal onda de estímulo a inovação que eles, antes de se entusiasmarem em dar uma ideia que será uma grande sacada, verificar se as empresas fornecedoras, parceiras e os demais setores, todos com planos de ação já apertadíssimos, terão condições de modificar seus planejamentos no meio do exercício fiscal para arriscar a produção de algo que não se tem certeza de que vai ser consumido. E bem consumido, posto que, para se compensar e valer a pena sua produção tem que se chegar ao patamar de produção em escala.

Portanto, o que digo é que para o cenário atual, vale considerar que a inovação passa antes, e necessariamente, por uma bela, profunda e sincera radiografia de competências pessoas, setoriais e organizacionais considerando, claro, a capacidade das empresas da cadeia produtiva de sustentarem o surto inovativo.

Após um resultado franco e consistente, empresários e colaboradores poderão vislumbrar em que patamar sua empresa se encontra. Assim, a possibilidade de se aventurar comprometendo o futuro, se reduz substancialmente.

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